Na COP16, tivemos a oportunidade de participar do Business and Biodiversity Forum, onde discutimos o papel essencial do financiamento e das políticas econômicas na preservação da biodiversidade global. Trouxemos insights de alguns dos principais painelistas, que abordaram a importância de alinhar o sistema financeiro com a conservação, em especial em relação às Metas 18 e 19 do Global Biodiversity Framework (GBF). Essas metas focam em redirecionar subsídios e fortalecer o financiamento voltado à natureza, contribuindo para um sistema econômico que sustente, em vez de prejudicar, a biodiversidade.
Transparência e reforma nos subsídios
Edward Perry, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), destacou a importância de tornar o uso dos subsídios mais transparente. Para Perry, o fortalecimento das práticas de conservação passa pela identificação e reforma dos subsídios nocivos à biodiversidade, um processo que ele considera urgente, porém complexo. Em sua visão, a clareza nas transferências governamentais é fundamental para garantir que esses recursos sejam utilizados para preservar e fortalecer a natureza, evitando impactos prejudiciais e apoiando um desenvolvimento sustentável.
Um modelo financeiro transformador
Representando o Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, Juan Camilo Pinto falou sobre a necessidade de uma transformação financeira que suporte, de fato, a conservação ambiental. Pinto ressaltou que o sistema financeiro atual ainda não atende adequadamente às demandas da preservação e que, embora a implementação das metas do GBF seja essencial, os desafios regulatórios e os impactos enganosos tornam o processo difícil. Ele também destacou que 56% do PIB global é sensível à biodiversidade, e que avanços em biotecnologia oferecem oportunidades valiosas para uma economia mais equilibrada e inovadora.
Recursos e agricultura no centro da conservação
Katie Leach, do Lloyds Banking Group, defendeu a mobilização de recursos financeiros como um fator-chave para a conservação, sugerindo que os fundos de pensão poderiam ter um papel mais ativo nesse processo. Ela enfatizou a importância do setor agrícola, mencionando que um terço deste setor deve ser incluído nas estratégias de preservação. Para Leach, desbloquear o financiamento para os pequenos agricultores é essencial, e é igualmente importante adotar uma visão holística, que considere o ecossistema como um todo, e não apenas propriedades ou áreas isoladas.
Aafke Keizer, Diretora de Sustentabilidade do Rabobank, reforçou o papel das empresas em apoiar a transição de seus clientes para modelos de negócios mais sustentáveis. Segundo Keizer, ajudar clientes e parceiros a adotar práticas sustentáveis é uma maneira prática de contribuir para a preservação da biodiversidade e promover uma transição econômica equilibrada. Em sua visão, o apoio à sustentabilidade deve ser parte integral das operações financeiras e do compromisso empresarial.
Integração econômica e financeira para a conservação da biodiversidade
As discussões no Business and Biodiversity Forum reforçaram que o alinhamento econômico e financeiro é essencial para que a biodiversidade seja efetivamente preservada. O comprometimento com as Metas 18 e 19 do GBF permitirá que o sistema financeiro global mobilize recursos de maneira sustentável, promovendo a proteção dos ecossistemas. Na GSS, adotamos o compromisso de fazer parte dessa transformação e contribuir com ações estruturadas para um futuro onde economia e meio ambiente caminhem juntos em prol da biodiversidade.
Desdobramentos finais da COP16 sobre financiamentos
Ao longo da COP16, discussões intensas e diversos eventos paralelos como o Business and Biodiversity Forum trouxeram à tona a urgência de alinhar o financiamento global com a conservação da biodiversidade. Delegados e especialistas se engajaram em debates sobre a criação de alianças e o desenvolvimento de estratégias de financiamento mais eficazes para apoiar a biodiversidade. Paralelamente, ocorreram as negociações formais entre os países, onde foram buscadas resoluções para que subsídios e investimentos promovam um real desenvolvimento sustentável e equitativo.
No entanto, as negociações de financiamento chegaram a um impasse. Nos últimos momentos da COP16, com a exaustão física e mental dos participantes e a necessidade de muitos delegados retornarem para seus países, o quórum caiu, impossibilitando o avanço das deliberações. A sessão foi interrompida pela Ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, que afirmou que as discussões seriam retomadas em outra ocasião. Com isso, muitas das questões financeiras críticas foram deixadas em aberto, gerando repercussão internacional sobre a falta de consenso para o financiamento à biodiversidade.
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